Dr. Victor Portocarrero - Urologista
Qual a idade que os testículos descem?

Normalmente, os testículos de um bebê descem para o escroto antes ou logo após o nascimento. A criptorquidia ocorre quando um ou ambos os testículos não descem para o escroto até a idade em que seria considerado normal, geralmente até os 6 meses de idade.
A criptorquidia é uma condição em que um ou ambos os testículos não descem para o escroto, a bolsa que contém os testículos, onde normalmente eles se encontram. Durante o desenvolvimento fetal, os testículos se formam dentro do abdômen, próximo aos rins, e gradualmente descem através de um canal chamado canal inguinal até o escroto, onde geralmente estão localizados ao nascer.
Na criptorquidia, esse processo de descida não ocorre corretamente, resultando em um ou ambos os testículos que permanecem retidos no abdômen, na virilha ou em outra área ao longo do trajeto de descida. A criptorquidia é mais comum em bebês prematuros, mas também pode ocorrer em bebês nascidos a termo.
Normalmente, os testículos descem para o escroto até os 6 meses de idade. Se os testículos não descerem após esse período, é recomendado consultar um médico, como um urologista pediátrico, para avaliação e tratamento. O tratamento pode envolver a observação cuidadosa para verificar se a descida ocorre espontaneamente, a administração de hormônios para estimular a descida dos testículos ou a cirurgia para reposicionar os testículos no escroto.
Quais os sintomas de criptorquidia?

Os principais sintomas de criptorquidia são:
- Ausência visível de um ou ambos os testículos no escroto;
- Sensação de caroço ou inchaço na área inguinal ou no abdômen;
- Testículos que não podem ser palpados durante um exame físico.
Em bebês e crianças, a criptorquidia é geralmente detectada durante um exame médico de rotina, pois os testículos não desceram para o escroto conforme o esperado. É importante lembrar que a criptorquidia não causa dor ou desconforto na maioria dos casos, mas requer atenção médica adequada para evitar complicações futuras.
Quais são as complicações da criptorquidia?

Algumas das principais complicações associadas à criptorquidia incluem:
Infertilidade
A criptorquidia não tratada é um fator de risco significativo para infertilidade masculina. Os testículos normalmente descem para o escroto porque a temperatura nessa região é mais baixa do que a do abdômen. A temperatura mais alta no abdômen pode afetar negativamente a produção de espermatozóides, levando a problemas de fertilidade no futuro.
Risco aumentado de câncer testicular
A presença de testículos retidos no abdômen ou na virilha está associada a um risco aumentado de desenvolvimento de câncer testicular. Embora o risco absoluto de câncer testicular seja baixo, a criptorquidia não tratada é um fator de risco adicional que aumenta ainda mais essa possibilidade.
Trauma testicular
Quando os testículos não estão no escroto, eles estão mais suscetíveis a trauma, como lesões causadas por quedas ou impactos. Testículos retidos na virilha ou no abdômen podem ser mais vulneráveis a lesões acidentais.
Problemas psicossociais
A ausência visível dos testículos no escroto pode causar constrangimento e problemas emocionais em crianças e adultos. Isso pode afetar a autoestima, a imagem corporal e as relações sociais.
Como é feito o diagnóstico da criptorquidia?

O diagnóstico da criptorquidia é geralmente feito através de um exame físico realizado por um médico, como um pediatra ou um urologista pediátrico. Durante o exame, o médico avaliará a presença e a localização dos testículos.
Se os testículos não puderem ser encontrados no escroto durante o exame físico, o médico pode realizar uma busca cuidadosa em outras áreas, como a região inguinal (virilha) e o abdômen, para determinar sua localização. Em alguns casos, podem ser utilizados métodos adicionais para auxiliar no diagnóstico, como o uso de ultrassonografia .
É importante mencionar que a criptorquidia é considerada uma condição clínica aparente, ou seja, pode ser diagnosticada visualmente durante o exame físico. Não são necessários testes laboratoriais adicionais para confirmar o diagnóstico da criptorquidia em si.
Em casos mais complexos, nos quais há dúvidas sobre a localização dos testículos ou a presença de outras anormalidades, o médico pode solicitar exames adicionais, como a ultrassonografia, para obter mais informações e planejar o tratamento adequado.
Qual o tratamento para criptorquidia?

O tratamento para a criptorquidia depende de vários fatores, como a idade da criança, a localização dos testículos e a presença de outras anomalias. Geralmente, o objetivo do tratamento é posicionar os testículos no escroto, permitindo um desenvolvimento normal e prevenindo complicações futuras.
Em muitos casos, os testículos que não desceram para o escroto durante os primeiros meses de vida podem descer naturalmente até o primeiro ano de idade. O médico pode optar por uma abordagem de "espera vigilante" e realizar um acompanhamento regular para verificar se ocorre a descida espontânea dos testículos. No entanto, se os testículos não descerem por conta própria até a idade adequada, pode ser necessário considerar outras opções de tratamento.
O médico pode prescrever hormônios, como o hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG) ou o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), para estimular a descida dos testículos. Esse tratamento é mais eficaz quando os testículos estão próximos do escroto e podem responder à terapia hormonal.
A cirurgia é considerada o tratamento definitivo para a criptorquidia. O procedimento cirúrgico, chamado orquidopexia, envolve a reposição dos testículos no escroto. A cirurgia pode ser realizada por laparoscopia ou por incisão convencional, dependendo da localização dos testículos e da preferência do cirurgião. A orquidopexia é geralmente recomendada antes dos 18 meses de idade para permitir o desenvolvimento adequado dos testículos e evitar complicações a longo prazo.